Apresentação dos trabalhos sociais realizados pelos irmãos e
Irmão Cristiano.
Tema: O impacto da figura do irmão na Igreja e no mundo.
Iniciou-se a parte da manhã com a apresentação dos trabalhos sociais desenvol-vidos em cada província, onde os irmãos têm atuação.
No segumdo momento da manhã
Ir. Cristiano – “O impacto da figura do irmão na Igreja e no mundo”
Irmão Cristiano pertence ao Instituto dos Filhos e Filhas da Divina Misericórdia e mora em Aracaju-SE. Falou sobre o carisma da comunidade de vida fundada por ele. Além dos três votos que todos os religiosos já fazem, tem um quarto que é a atuação em bairros po-bres de periferia (inserção). Apresentou um pequeno vídeo que mostra a atuação da comuni-dade junto aos mais pobres.
Ele destacou que a figura do irmão é tida como uma missão que começa como presença entre os marginalizados da sociedade. Os trabalhos realizados não são individuais, mas comunitários. Esta presença transformadora se faz junto às famílias, por exemplo, com a conscientização em âmbito ecológico. Há trabalhos em parcerias, visando estar junto a ado-lescentes e jovens em situação de risco (liberdade assistida). Presença em hospitais, atuação junto ao poder público para realização de projetos em benefício de comunidades carentes (moradia).
O assessor nos colocava que a palavra “leigo” traz consigo certo poder de negati-vidade, por significar “ignorância”. Num ambiente eclesial, o leigo é aquele que não pertence à hierarquia e, com isso, há um processo de marginalização. Dentro da Igreja, a figura do ir-mão leigo ainda não é muito valorizada, nem bem compreendida. O Encontro de Irmãos ajuda a nos manter firmes na caminhada e a procurar o nosso espaço dentro da Igreja.
Há certo desconhecimento por parte das pessoas desta vocação específica. Temos que ter mais preocupação em estar apresentando a nossa vocação, e apresentá-la como algo bom. Com isso nos questionou: Como os sacerdotes nos veem? Nem sempre da melhor ma-neira. Infelizmente ficamos no “só” irmão. “Você não é padre, você não é nada”: com tristeza ainda escutamos expressões desse tipo.
Ele nos lembrou que o cardeal Franc Rodé (ex-prefeito da Congregação para os Institutos de vida consagrada) pronunciou-se, em 03 de fevereiro de 2010, sobre a vocação do irmão leigo com o intuito de lançar um documento: “Vida consagrada, valorizar a vocação do irmão leigo”. Porém, até aqui, o documento ainda não saiu. Há uma dificuldade de definição da figura do irmão leigo, seja pela estrutura eclesial que temos, seja ainda pelo pequeno nú-mero que somos na Igreja.
É uma pena que ainda existam províncias que apresentem com muito mais ênfase a vocação do padre em detrimento da do religioso leigo. O nosso carisma é rico e proposto para os dois estados de vida. O irmão é protagonista de sua vocação; ele mesmo deve apresen-tá-la como algo bom e bonito e de possibilidades diversas.
A mentalidade que o povo tem do convento ou do seminário ainda é “distorcida”, e, por vezes, da figura do sacerdote. As pastorais vocacionais ainda são muito clericais; apre-sentam a vocação sacerdotal quase como o “único chamado”. Há uma pressão por parte da família, da sociedade, da Igreja e até mesmo dentro da Ordem para o estado clerical. Um a-vanço na Ordem: a eleição de frei Mark Schenk como definidor geral da Ordem. O Espírito Santo nos dá uma esperança.
Irmão Cristiano citou um artigo de autoria de frei Vanildo Zugno (Província do Rio Grande do Sul) que faz algumas reflexões sobre a figura do irmão leigo numa visão ecle-siológica a partir do Vaticano II (Lumen Gentium; Perfectae Caritatis).
Os irmãos têm diante de si um imenso espaço de abertura para atuar dentro do po-vo de Deus. Porém, muitas vezes encontramos irmãos e irmãs mais clericais que certos sacer-dotes. Outro ponto destacado foram as mudanças sócio-culturais que veem ocorrendo. Preci-samos superar a mentalidade rural e abraçar uma realidade urbana, que se encontra em cons-tantes transformações. A nossa vocação proporciona abertura a diversos campos de atuação. Temos ambientes alternativos; precisamos de criatividade e coragem.
Momento da tarde
“Passemos do fazer para o ser”. Este parece ser um convite bem interessante! “Ser é o mais importante”. Vivemos muitas dicotomias, como por exemplo: Clérigo x Leigo. Fomos chamados a ser homens de Deus. A Igreja precisa de testemunhas. As realidades da Igreja, especialmente na Europa, não são animadoras. O povo tem sede de Deus. Devemos ser testemunhas desse amor de Deus, e a nossa vocação é sinal dessa gratuidade de Deus. “O cris-tão do terceiro milênio ou será místico ou não será cristão” (Karl Rahner). Precisamos alimen-tar em nós a mística do amor fraterno. O mundo precisa de testemunhas de Cristo ressuscitado. A nossa presença deve ser transformadora em todos os espaços que ocupamos ou que ti-vermos acesso.
Todos os nossos esforços devem estar em função do anúncio do Reino de Deus. “Temos religião suficiente para nos odiar, mas não para nos amar”.
O pentecostalismo ingênuo que atinge o povo também atinge muitos sacerdotes. O mundo que nos rodeia ainda está cheio de morte, e nós devemos ser portadores de vida. O nosso Deus é o Deus da vida. Não precisamos mais de tantas estruturas, pois já temos demais. Precisamos produzir vida!
A vocação profética precisa ser recuperada. Os desafios existem, mas temos que aprender a confiar em Deus. Diante de tantas realidades que nos rodeiam nos questionamos: O que nos faz diferente dos demais? E aí lembramos da necessidade de sermos profetas.
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