Memória dos encontros anteriores
Palavra do frei Mark Schenk ( Tradução: Frei José Gislon)
O 3 º Encontro Nacional de Irmãos Leigos Capuchinhos teve início no dia 04 de julho com a celebração eucarística presidida pelo frei Airton Grigoleto, ministro provincial de São Paulo e presidente da CCB, concelebrada pelo frei José Gislon, definidor geral para o Brasil. Contamos também com a presença de frei Mark Schenk , definidor geral para os EUA, e irmão leigo capuchinho.
Contamos com a presença de mais de 30 irmãos leigos de 10 províncias, com exceção da Província do Maranhão-Pará-Amapá e a Vice-Provincia do Brasil Oeste.
Pela manhã, após a missa, houve um lanche e em seguida os encaminhamentos do encontro. Frei Hélio, organizador do Encontro pela Província da Bahia-Sergipe (PROBASE), deu as boas vindas a todos e frei Marcos Couto (PROBASE) fez a dinâmica de apresentação, em que cada um pode se apresentar e dizer quais as perspectivas para este Encontro. Concluiu-se a manhã com a hora média.
À tarde retornamos às 14h30, e cada Província fez uma avaliação a partir das Proposições elaboradas em Hidrolândia em 2007. Em seguida houve o plenário e constatamos os avanços e os retrocessos das Províncias quanto a estas Proposições, como segue:
A maioria das Províncias não realiza encontros de irmãos leigos. Na Província de Bahia e Sergipe os irmãos estão mais presentes nos cargos, aprofundaram-se numa formação integral, incentivando os irmãos a cursarem teologia, avançaram no mundo do trabalho, contudo, retrocederam nas pastorais sociais.
A Província de São Paulo pensa realizar encontro de irmãos com outras Províncias, ainda é preciso trabalhar melhor a expressão laical de nosso carisma no SAV diante da atual clericalização, e houve abertura para a profissionalização.
Na Província do Rio Grande do Sul, os irmãos já tem atuação nos cargos, tem a marca da inserção no mundo do trabalho, embora algumas vezes os irmãos são vistos como “mini padres”. Nesta Província o encontro já acontece há vários anos.
Na Província do Paraná e Santa Catarina, os irmãos já têm atuação em cargos, o SAV já trabalha a dimensão laical do ser capuchinho, os irmãos estão mais voltados à formação e não ao trabalho social, e há também professores de Universidade. Não há encontro de irmãos.
Na Vice-Província do Amazonas e Roraima, os irmãos são poucos e estão longe uns dos outros, há dois irmãos guardiães e estão envolvidos nas pastorais sociais. Há barreiras para a profissionalização dos irmãos.
Na Província de Minas Gerais, os irmãos têm ocupado cargos, mas por causa da necessidade. Avançaram no SAV quanto à dimensão laical, os irmãos têm prática libertadora e trabalham em várias áreas, como saúde educação, etc.
Na Província do Rio de Janeiro e Espírito Santo, os irmãos têm se integrado em cargos, o SAV tem boa abertura à dimensão laical. Porém, ainda precisam estar mais presentes entre os marginalizados.
Na Província do Ceará e Piauí, há irmãos ocupando cargos, desafio quanto à presença transformadora, dificuldades na PV quanto à dimensão laical. Desafios quanto ao trabalho pastoral nas paróquias por conta do clericalismo.
Na Província do Nordeste do Brasil, de início havia uma ausência da figura do irmão leigo, na fundação da Província em 1983 o Ministro Geral questionou esta ausência. Há encontros anuais mais já com certo cansaço e enfraquecimento de irmãos nos cargos. Na PV há espaço à expressão laical.
Na Província do Brasil Central os irmãos estão nos cargos, mas se questionou por que ainda não se pode eleger um provincial. Dificuldade na PV, jovens vem com uma imagem de vida religiosa baseada na figura do pároco. Há encontros anuais de irmãos, e sempre há espaço para a profissionalização. Contudo, ainda o irmão sofre na prática diferenciação, por exemplo, lhe faltando dinheiro devido não ter o respaldo do ministério.
Após um cafezinho, o definidor geral Mark Schenk nos fez uma exposição sobre alguns temas em relação ao irmão leigo na Ordem. No início ele apresentou um pouco de sua história e que atualmente é definidor para os Estados Unidos, Canadá, Austrália e que tem um bom contato com as Províncias da Ásia. Todavia, conhece pouco da realidade da América Latina, sendo, por isso, de grande valia para ele a sua participação neste Encontro.
Os irmãos leigos são cerca de 20% na Ordem, variando em cerca de 11% em 1980 e cerca de 30% em 1969. Citou a Província da Tanzânia que foi praticamente composta por irmãos leigos décadas atrás, porque os bispos lá não permitiam capuchinhos presbíteros. Com a abertura para a ordenação presbiteral dos frades, diminuiu fortemente o número de irmãos leigos. Atualmente, há maior número de irmãos leigos na Europa, Estados Unidos e América Latina. Em contrapartida, na África e Ásia o número é baixo, sendo estes com a presença do cristianismo e da Ordem ainda muito recentes.
Quanto à formação, a proposta é ser igual para todos. Contudo, por vezes, há desigualdades na formação para frades que querem ser presbíteros e os que querem ser irmãos leigos. É comum os provinciais exporem não se saber qual formação dar aos irmãos leigos, principalmente no Pós-Noviciado. Mas o problema é que não estão sabendo qual formação dar a todos os formandos, reduzindo o Pós-Noviciado ao estudo acadêmico. E dizem se um frade quiser ser um marceneiro isso não é formação, relata o definidor. Citou um exemplo de discriminação, favorecendo à formação dos frades que querem o presbiterato, mesmo que isso não aconteça abertamente, na prática acontece.
No tocante à Pastoral Vocacional, há Província que exige o vocacionado ter curso superior para seu ingresso nela. Isso não é compatível com as orientações da Ordem. Lembrando que muitos frades populares não tinham grande intelectualidade, mas possuíam grande capacidade de relacionamento humano.
A maioria dos irmãos leigos, segundo o definidor, se mostra contente com o trabalho que fazem. As oportunidades de trabalho hoje são muito variadas e abertas. Mas ele diz encontrar muitas lamentações de irmãos diante da centralização em Paróquias. Os irmãos, por vezes, ficam soltos nos trabalhos das Paróquias. Por um lado, pode significar certa liberdade, mas, por outro, mostra falta de valorização do mesmo. Disse ser importante o provincial valorizar e desafiar os irmãos com os trabalhos. Há até lugares em que o irmão tem de procurar o que fazer, porque a Província não oferece. De modo que ocorre também do irmão ter de trabalhar independente, ocasionando-lhe, às vezes, certo isolamento. Um desafio à Ordem é um espaço em que os frades possam trabalhar juntos.
Quanto ao serviço da autoridade na Ordem, para ser exercido pelos irmãos leigos, isso já foi pedido à Santa Sé muitas vezes, inclusive com a presença dos ministros gerais. Um passo é que a Santa Sé não se opõe que os guardiães sejam irmãos leigos. Uma esperança para um futuro breve é de irmãos leigos serem vigários provinciais, devido também à nova composição da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada. Relata que, talvez, um medo da Santa Sé seja de que com a possibilidade de irmãos leigos como superiores maiores, as religiosas reivindiquem o mesmo. Essa questão da autoridade deve continuar sendo trabalhada em nosso meio, revendo nossas estruturas clericais que dependem de nós.
Referente à figura do irmão leigo, são bem vistos nas Províncias, raramente são discriminados, mas, a sociedade ainda não entende bem essa nossa expressão laical. Depende também de cada cultura, havendo lugar onde se vê até como uma ofensa não ser padre e ter se tornado irmão leigo. Lembrou, por fim, de Frei John Corriveau que queria ser chamado simplesmente de “irmão”. Isso nos incentiva em nossa vocação, no desafio a sermos realmente irmãos do povo.
Após esta exposição, foi aberto espaço para comentários dos irmãos ao frei Mark. E ele comentou mais um pouco que nos Estados Unidos a maioria dos jovens cursam faculdade e sobre a dificuldade em se conciliar os irmãos leigos e frades presbíteros nos mesmos trabalhos. Frei Gislon enfatizou que na Itália os capuchinhos trabalhavam na roça com o povo, o que marcou profundamente às pessoas, lhes chamando de “frades do povo”, e tendo os irmãos leigos esmoleres realmente os grandes promotores vocacionais.
Então, rezamos as Vésperas e depois com o jantar e momento livre.
Frei Marcelo Toyansk OFMCap
1º Secretário
Frei Tiago Santos OFMCap
2º Secretário
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